Numa reviravolta inesperada, o Twitter, a popular plataforma de mídia social, acusou a gigante do software Microsoft de suposto uso indevido de seus dados.
A acusação, liderada por Alex Spiro, sócio da Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan e representante legal do proprietário da empresa, Elon Musk, sugere que as ações da Microsoft podem ter ultrapassado os limites estabelecidos pelo seu acordo de uso de dados.
Acusações em meio a crescentes debates sobre propriedade de dados
A aquisição do Twitter por Musk em outubro agitou o espaço digital, especialmente quando ele optou pelo cargo de CEO e iniciou cobranças pelo uso da interface de programação de aplicativos (API) do Twitter.
Antes disso, a API do Twitter, uma ferramenta essencial que permitia aos desenvolvedores incorporar tweets em seu software e acessar dados do Twitter, era acessível gratuitamente a determinados pesquisadores, parceiros e desenvolvedores, desde que cumprissem os termos do gigante da mídia social.
Nomes proeminentes como Hootsuite, Sprout Social e Sprinklr estão entre as empresas cujos serviços foram moldados pela API do Twitter.
No entanto, a maré parece ter mudado no mês passado, quando a Microsoft, de acordo com a carta de Spiro ao CEO da Microsoft, Satya Nadella, optou por não pagar nem mesmo uma taxa com desconto pela API do Twitter e pelo acesso ao conteúdo.
Essa mudança trouxe à luz uma lista de produtos sob a égide da Microsoft – como a nuvem Azure, o mecanismo de pesquisa Bing e as ferramentas de desenvolvimento de aplicativos Power Platform – todos os quais supostamente aproveitaram a API.
A carta de Spiro chama a atenção para uma potencial violação dos termos do acordo, apontando que o uso do serviço da Microsoft pretende claramente contornar os limites de limitação, violando assim a cláusula do acordo sobre o uso excessivo das interfaces de programação do Twitter.
A Microsoft acusou o recebimento da carta, expressando sua intenção de revisá-la e responder adequadamente. Um porta-voz da Microsoft declarou: “Esperamos continuar nossa parceria de longo prazo com a empresa”.
O Twitter também poderia estar sugerindo o relacionamento da Microsoft e da OpenAI
A alegação do Twitter contra a Microsoft surge em meio às críticas de Musk ao envolvimento da Microsoft com a OpenAI, a organização de IA que deu origem ao ChatGPT.
Musk, um dos primeiros apoiadores da OpenAI, levantou preocupações sobre a influência da Microsoft sobre a empresa de IA após investimentos significativos desta última.
Musk afirmou, numa entrevista no início desta semana, que a Microsoft agora influencia fortemente, se não controla completamente, a OpenAI. Nadella, no entanto, rebateu esta afirmação, enfatizando o interesse não controlador da Microsoft na startup de IA.
Embora a tensão atual gire em torno do uso de dados do Twitter, a questão mais ampla do pooling de tokens – um processo em que vários tokens de API são usados coletivamente para contornar os limites de taxa – permanece sem abordagem na carta de Spiro.
Esta falta de clareza pode levar a futuras discussões e potenciais altercações entre os gigantes da tecnologia.
Processos judiciais públicos recentes revelaram uma interação entre Musk e Nadella, onde Musk procurou Nadella durante sua arrecadação de fundos para a aquisição do Twitter.
Esta interação destaca a complexidade da relação entre os dois, preparando o terreno para desenvolvimentos mais intrigantes no mundo da tecnologia.